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As origens da Povoação
A Amoreira foi uma terra com bastante importância, em tempos recuados, chegando mesmo a rivalizar com Óbidos. Diz-se ter havido aqui um castelo, o que está por provar, e alguns historiadores viam a possibilidade de se encontrar nas suas cercanias a tão procurada cidade de Eburobrittium, a qual, acabaria por ser encontrada recentemente sob o viaduto da A-8, a dois quilómetros de Óbidos, contudo, na opinião do historiador Beleza Moreira Amoreira terá sido morada de um edil (Magistrados Romanos, criados para ajudar os tribunos e que se pode comparar aos actuais vereadores) da cidade de Eburobrittium
Próximo da Amoreira encontra-se a Ferraria, célebre por ter sido, outrora, uma forja ou fábrica onde os árabes faziam as suas armas. Consta que Afonso Henriques, tendo conquistado Óbidos e sabendo que a Sul, entre uns bosques, havia uma forja, ali mandara uma pequena força guiada por um mouro. Ao lá chegarem não encontraram ninguém, mas em compensação acharam alguns morriões, grevas, lanças e outros objectos, que tudo fizeram conduzir para Óbidos. É provável que ali houvesse perto alguma mina de ferro, já que hoje só existe uma grande quantidade de borras deste metal. Tem-se achado grande número de rebolos de diferentes tamanhos, bocados de tijolo, de uma grossura de mais de mão travessa, e telhas de tamanho admirável. No século XIX foram ainda encontrados vários objectos em ouro finíssimo e botões. Encontrou-se também um grande número de bocados de ouro de uma e duas onças do tempo dos Árabes, vindos nos entulhos que se tinham tirado de um pardieiro, desconhecendo-se a época em que terá sido habitado, e onde, depois de desentulhado, se descobriu o pavimento de ladrilho, igual a muitos encontrados em construções árabes.
Desde o século XII qua a zona litoral da freguesia da Amoreira despertara interesse nas casas reais. Quer pela caça, quer pela pesca na lagoa de Óbidos, tendo esta zona sido propriedade da Rainha D. Beatriz e mais tarde D. Afonso IV. D. Fernando, contribuiu também para o povoamento da zona ao isentar de tributos os que lá moravam e aqueles que para lá fossem morar. Os conventos de Chelas e de Alcobaça também marcaram a sua posição nesta zona, junto ao Sobral da Lagoa e Amoreira, possuindo aqui algumas granjas.
Amoreira foi também morada do importante Convento de Nossa Senhora da Conceição de Frades, da ordem de São Jerónimo. As origem deste mosteiro remontam a 1513 data em que foi edificado um mosteiro denominado Nossa Senhora da Piedade ou da Misericórdia na ilha da Berlenga. Este convento tinha por finalidade ajudar o povo nas suas enfermidades e simultaneamente divulgar e propagar a fé em Cristo, nomeadamente junto dos mareantes que com frequência aguavam nas ilhas Berlengas.
No entanto, as péssimas condições a que estavam sujeitos os religiosos com inundações frequentes, deficiente aprovisionamento de bens alimentares e principalmente maus tratos infringidos pelos piratas turcos, marroquinos, franceses e ingleses em especial após a conversão ao protestantismo de Henrique VIII de Inglaterra, fizeram com que em 1534, a Rainha D. Catarina, mulher de D. João III desse ordem para a construção de um novo convento na freguesia da Amoreira, mais precisamente no sítio de Vale Benfeito. O novo convento terá ficado concluído em 1545 e terá prosperado até 1834 ano em que se deu a extinção das ordens religiosas.